
O professor de artes como artista: ensinar o mundo das muitas artes desde o básico
- Thiago Loreto

- 5 de set.
- 3 min de leitura
Introdução
Pensar o educador de artes como um artista facilita a compreensão do ensino da arte como um todo. O mundo e o mercado das artes não se limitam a pintores e compradores: há uma infinidade de carreiras direta ou indiretamente ligadas a esse universo — ilustradores, coloristas, fotógrafos, animadores, compositores, cenógrafos, editores de som, curadores, galeristas, designers, arquitetos e muitos outros. Uma aula de artes verdadeiramente relevante precisa apresentar essa complexidade aos alunos desde o ensino básico.
Pensando o educador de artes como sendo um artista, ensinar arte torna-se mais fácil de compreender em sua totalidade, pois o mundo e o mercado da arte não são compostos apenas por artistas e colecionadores. Hoje, com o crescimento constante do entretenimento, abrem-se novas portas para artistas de método clássico ou digital, bem como para profissionais de figuração, maquiagem, modelagem 3D, compositoras de cenários e trilhas sonoras — todos encontrando oportunidades em videogames, cinema, séries, jogos de tabuleiro, galerias e museus.
Alguns profissionais desenham; outros colorem; alguns fotografam; outros organizam as imagens para formar movimento; uns trazem a música; outros, os sons ambientes e as falas dos personagens. É sobre essa complexidade que deveria tratar uma boa aula de artes. O básico é fundamental — luz, sombra, perspectiva, formas geométricas bi e tridimensionais, cor, contraste e saturação —, porque sem essas bases não vive nenhum artista. Mas também é necessário mostrar os caminhos da arte e para onde eles podem levar.
Nem apenas quem produz diretamente no campo das artes participa do mercado: existem aqueles que incentivam, que cuidam dos pequenos detalhes, que compõem, escrevem histórias e atuam em cada etapa dessa grande arte que chamamos de vida. Ser um bom professor de artes é enxergar o artista em cada aluno — não só naquele que desenha com facilidade, mas também naquele que encontra na arte outra forma de pensar e agir.
O mundo da arte é grande e ao mesmo tempo íntimo; simples e complexo; vasto e próximo. Por isso, o professor de arte deve buscar constante aprimoramento e oferecer o melhor para seus alunos, para que a arte os cative tanto quanto nos cativa.
Por que isso importa
A BNCC reconhece a Arte como componente essencial na formação integral do aluno, articulando linguagens como Artes Visuais, Música, Dança e Teatro e propondo que os estudantes desenvolvam práticas de criação, fruição e reflexão.
UNESCO e pesquisas internacionais ressaltam que a educação em artes contribui para o desenvolvimento de criatividade, pensamento crítico e competências socioemocionais — habilidades valorizadas no mercado cultural e criativo.
A economia criativa no Brasil movimenta bilhões: estudos e levantamentos recentes mostram que as indústrias culturais e criativas representam parcela importante do PIB nacional e geram emprego em múltiplos setores (observatórios e relatórios do IBGE, UNESCO e institutos locais). Esses dados reforçam que conhecer o mercado das artes abre caminhos profissionais reais para os estudantes.
Conclusão
A arte na escola precisa ser muito mais do que exercícios livres; deve oferecer fundamentos técnicos, repertório e visão de mercado. O professor-artista que orienta com paixão e conhecimento transforma trajetórias — não apenas formando futuros artistas, mas despertando profissionais aptos a atuar em toda a cadeia criativa. Ensinar arte é preparar caminhos: quanto mais cedo os alunos souberem das possibilidades, mais escolhas terão no futuro.
Amplifique essa ideia
Se você acredita que a formação em artes deve preparar os alunos para o universo criativo contemporâneo, curta, comente e compartilhe este artigo. Marque colegas, gestores e professores de arte: juntos podemos ampliar essa discussão e protestar por um ensino artístico mais qualificado e conectado com o mercado.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Brasília: MEC. Disponível em: https://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 30 ago. 2025.
UNESCO. Arts education: an investment in quality learning. Paris: UNESCO. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000386034. Acesso em: 30 ago. 2025.
UNESCO. Framework for Culture and Arts Education. UNESCO, 2024. Disponível em: https://www.unesco.org/sites/default/files/medias/fichiers/2024/02/WCCAE_UNESCO%20Framework_EN_0.pdf. Acesso em: 30 ago. 2025.
UNESCO. Re|Shaping policies for creativity — Global report. Paris: UNESCO, 2022. Disponível em: https://www.unesco.org/creativity/en. Acesso em: 30 ago. 2025.
IBGE. Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC) 2011–2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2024. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/media/com_mediaibge/arquivos/ecf9ac7b96205d8c5179a9727b77a055.pdf. Acesso em: 30 ago. 2025.
SEBRAE. EmpreendeDados — Economia Criativa. SEBRAE, 2024. Disponível em: https://rr.agenciasebrae.com.br/wp-content/uploads/sites/23/2024/05/EmpreendeDados-Economia-Criativa.pdf. Acesso em: 30 ago. 2025.
Observatório Itaú Cultural / Ministério da Cultura. PIB da economia da cultura e das indústrias criativas. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/estudo-mostra-que-pib-da-cultura-supera-o-da-industria-automobilistica. Acesso em: 30 ago. 2025.



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