
Suécia reduz a hiper-digitalização nas escolas — lições práticas para o Brasil
- Thiago Loreto

- 12 de set.
- 2 min de leitura
Introdução
Nos últimos anos a Suécia anunciou um reposicionamento: priorizar leitura em papel, prática de caligrafia e menos dependência de tablets para crianças pequenas — uma reação a sinais de queda em habilidades básicas e ao aumento da distração por telas nas aulas.
O que diz a evidência internacional
A OCDE identificou que cerca de 30% dos alunos dizem ser frequentemente distraídos por celulares e dispositivos durante as aulas, e que o uso moderado de telas para atividades de aprendizagem (até ~5 horas/dia na escola) está associado a melhores resultados em matemática; porém uso excessivo pode reduzir o desempenho.
Relatórios anteriores da OCDE mostram que tecnologia só melhora aprendizado quando parte de um projeto pedagógico bem estruturado — não funciona por si só.
Pontos positivos de uma redução controlada do uso de telas (o que a Suécia busca)
Menos distração em sala e maior foco em leitura profunda.
Reforço de habilidades básicas (alfabetização em papel, caligrafia, leitura), importantes nos anos iniciais.
Possibilidade de reduzir desigualdades imediatas em contexto onde acesso e qualidade dos dispositivos variam entre escolas.
Riscos de abandonar a tecnologia de forma abrupta
Perder oportunidades de desenvolver competências digitais que o mercado exige (leitura digital, programação, literacia midiática).
Decisões sem formação docente podem apenas trocar um problema por outro: professores precisam de preparo para ensinar tanto com papel quanto com tela.
O que o Brasil pode aprender — recomendações práticas
Priorizar propósito, não tecnologia: introduzir ou retirar ferramentas com base em objetivos pedagógicos claros (leitura crítica, resolução de problemas, colaboração).
Adoção equilibrada (híbrida): manter o uso de livros impressos nos anos iniciais quando o foco for alfabetização profunda e usar telas para projetos que exijam pesquisa, simulação e produção.
Limites e regras em sala: normas sobre uso de celulares e dispositivos (ex.: permitir apenas quando o professor orientar), com monitoramento de distrações. Exemplos europeus mostram legislações municipais/estaduais que restringem uso de celulares durante o período letivo.
Formação continuada docente: investir em capacitação para planejamento pedagógico que integre (ou desative) tecnologia com qualidade.
Avaliação local e pesquisa: antes de decisões amplas, pilotar mudanças e medir efeitos em aprendizado e bem-estar (sono, atenção, saúde mental). A OCDE recomenda medidas de monitoramento contínuo.
Conclusão
A experiência sueca evidencia que a solução não é “tela sempre” nem “tela nunca”: é usar tecnologia com propósito, proteger as etapas da alfabetização e preparar professores. Para o Brasil, a lição prática é investir em formação docente, piloto local e regras claras sobre uso de dispositivos — combinando o melhor dos livros e das ferramentas digitais para formar alunos preparados para o século XXI.
Se você é educador, gestor ou pai: comente abaixo — como sua escola lida com telas? Compartilhe este artigo para ampliar o debate e curta se concorda que precisamos de políticas práticas e formação docente para equilibrar papel e tela.
Fontes e leitura recomendada
AP — Sweden brings more books and handwriting practice back to its tech-heavy schools.
Governo da Suécia — press release sobre distração por celulares nas aulas e comentários sobre os relatórios da OCDE.
OECD — Managing screen time: How to protect and equip students against distraction (PISA / 2024).
OECD — Students, digital devices and success (relatório resumo / 2024).
The Guardian — exemplo comparativo (Finlândia restringe uso de celulares durante o dia escolar).



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