
Por que Menos de 40% dos Alunos Valorizam Seus Professores?
- Thiago Loreto

- 11 de set.
- 3 min de leitura
Introdução
A relação entre alunos e professores é um dos pilares centrais da educação. No entanto, uma recente pesquisa nacional que ouviu mais de 2,3 milhões de estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) revelou um dado preocupante: menos de 40% dos jovens dizem valorizar e respeitar seus professores (Zero Hora, 2025).
Esse número escancara uma crise silenciosa dentro da sala de aula brasileira, em que a percepção sobre o papel do professor não acompanha a sua real importância. Neste artigo, analisaremos os principais desafios desse cenário, trazendo reflexões baseadas em estudos acadêmicos e relatórios oficiais, e mostraremos por que pais e educadores precisam agir urgentemente.
O que a pesquisa revela sobre os alunos
Os resultados da pesquisa — fruto de parceria entre MEC, Consed, Undime e Itaú Social — destacam contrastes importantes:
66% dos alunos de 6º e 7º anos dizem sentir-se acolhidos pela escola.
Entre os de 8º e 9º anos, o número cai para 54%.
Apenas menos de 40% afirmam valorizar e respeitar seus professores.
Segundo Katia Schweickardt, da Secretaria de Educação Básica do MEC, o desafio está em entender que “todos aprendem de um jeito diferente”. Isso reforça a necessidade de currículos mais vivos e que dialoguem com as realidades e interesses dos estudantes.
Essa queda na percepção positiva à medida que os alunos avançam em idade está diretamente relacionada à adolescência — uma fase marcada por questionamentos, busca por identidade e, muitas vezes, conflitos com a autoridade.
Por que os professores não são valorizados?
A falta de valorização docente não pode ser atribuída apenas aos alunos. Trata-se de um reflexo de todo o sistema educacional. De acordo com a UNESCO (2019), o Brasil ainda enfrenta um déficit histórico na valorização profissional dos professores, tanto em termos de remuneração quanto de condições de trabalho.
Além disso, estudos como o de Tardif (2014) destacam que a profissão docente vive uma crise de legitimidade, em que professores são frequentemente responsabilizados por falhas estruturais que vão muito além de sua atuação individual.
Quando a escola não oferece suporte socioemocional, atividades inovadoras e um ambiente de pertencimento, o aluno passa a enxergar o professor como mero transmissor de conteúdo, e não como um guia para a vida.
O que os alunos querem aprender
A pesquisa revela um ponto crucial: os alunos desejam aprender para a vida real.
Disciplinas tradicionais ainda são valorizadas (48% no 6º/7º ano; 38% no 8º/9º ano).
Mas cresce a busca por habilidades para o futuro: tecnologia, educação financeira e sustentabilidade.
O corpo e o socioemocional também ganham força, com temas como esportes, saúde mental e bem-estar.
Isso mostra que a escola precisa deixar de ser apenas um espaço de preparação para provas e vestibulares e assumir-se como formadora de cidadãos conscientes e preparados para os desafios sociais e econômicos do século XXI.
Caminhos possíveis para a mudança
Currículos vivos e adaptados – O currículo escolar deve ser construído com base nas realidades locais e nos interesses dos alunos.
Valorização docente – Salários justos, formação continuada e reconhecimento social são fundamentais.
Parceria entre escola e família – O respeito ao professor começa em casa. Pais que valorizam a educação ajudam a consolidar essa cultura em seus filhos.
Educação socioemocional – Ensinar empatia, colaboração e respeito é tão essencial quanto ensinar matemática ou português.
Segundo relatório da OCDE (2022), escolas que investem em educação socioemocional registram maior engajamento dos alunos e melhoria na percepção da figura do professor.
Conclusão
O dado de que menos de 40% dos alunos valorizam seus professores deve servir como alerta para toda a sociedade. O futuro da educação brasileira depende de um esforço coletivo para resgatar a importância do professor e para transformar a escola em um espaço de acolhimento, inovação e sentido.
Se não houver mudanças estruturais — na valorização docente, na adaptação curricular e no diálogo com as famílias —, continuaremos a perder o elo essencial entre mestres e alunos.
👉 E você, já parou para pensar em como valoriza os professores que marcaram a sua vida?
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Fontes
UNESCO. Teachers and Teaching for the Future. Paris, 2019. Disponível em: unesco.org.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2014.
OCDE. Education at a Glance 2022. Paris, 2022. Disponível em: oecd.org.
Jornal Zero Hora. Menos de 40% dos alunos valorizam professor no país, mostra pesquisa. Porto Alegre, 2025.



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