
Arte no Ensino Básico: Muito Mais que Recreação — Um Chamado para Redescobrir o Olhar
- Thiago Loreto

- 11 de set.
- 3 min de leitura
Introdução
Bem vejamos: a arte não é mero passatempo, mas uma área do conhecimento fundamental. Pode parecer exagero, mas se lermos Ética de Aristóteles, na Grécia antiga já se acreditava que a vida virtuosa inclui o cultivo do belo, da harmonia, da expressão. Nas últimas décadas, contudo, algo se perdeu. A arte no ensino básico muitas vezes é reduzida à colorir dentro das linhas, ignorando seu potencial criativo, simbólico e transformador. Este artigo defende que arte deve ser levada a sério — e que ela está muito mais presente em nossas vidas do que imaginamos.
Tu dizes: se não fosse a arte, este artigo não chegaria a você; o smartphone, o carro, a casa aconchegante, as ruas decoradas em festas — tudo isso depende da arte. O grafite colorido, a harmonia estética urbana, tudo isso existe graças ao olhar artístico. A arte está em tudo, porém só quem teve esse olhar despertado realmente percebe.
Colorir desenho impresso “dentro das linhas” é ensinar criatividade enjaulada. Fazer artes só como recreação ignora que criatividade, composição, cor, luz, forma, movimento, volume, textura — todos esses elementos estão na base das expressões artísticas e impactam nosso mundo real diariamente.
A profissão de professor de artes deve ter como objetivo acender esse olhar artístico no aluno, despertar seu interesse pela arte como conhecimento abrangente — não apenas algo isolado na sala de aula, mas ligado ao cotidiano, à tecnologia, ao design, à cidade, ao gesto humano.
Por que levar a arte a sério é urgente
Impactos cognitivos: Estudos da Harvard University e da University of Cambridge mostram que crianças que participam de atividades artísticas regularizadas têm melhor desempenho em habilidades de linguagem, memória e resolução de problemas.
Desenvolvimento socioemocional: A arte favorece empatia, autoestima, expressão de emoções — o que está documentado em pesquisas conduzidas pela UNESCO e The Arts Education Partnership.
Inclusão e representatividade: Em contextos diversos, arte permite aos alunos ver suas culturas, visuais e histórias representadas, fortalecendo o pertencimento.
Preparação para profissões contemporâneas: Design, arquitetura, interface de usuário (UX), arte digital, cinema, artes visuais — todas essas áreas demandam habilidades artísticas de base que não são normalmente ensinadas de forma robusta no ensino básico.
Desafios na implementação
Professores muitas vezes não têm formação específica ou apoio técnico para ensinar arte além do básico.
Padrão curricular engessado e falta de recursos: sem materiais, espaços e tempo dedicado, a prática artística fica comprometida.
Falta de reconhecimento institucional: arte pode ser vista como secundária em orçamentos, inspeções ou quando se definem prioridades.
Desigualdade regional: algumas escolas públicas contam com melhores condições para ofertar aulas de arte dignas, outras não.
Conclusão
A arte não é luxo, é necessidade. Ela molda o mundo visível e invisível à nossa volta, estrutura o belo, dá forma à imaginação, influencia a estética de cada objeto, cada espaço. Se desligamos o “olhar artístico” dentro dos estudantes, destruímos uma parte da humanidade. Mas quando professores reconhecem, despertam, valorizam — aí sim a arte deixa de ser mera diversão e se torna ponte para um mundo mais belo, mais criativo, mais humano.
Se este artigo despertou algo em você — uma lembrança, um desejo, uma convicção — curta, comente e compartilhe com pessoas que acreditam na arte como base da educação. Marque aquele professor ou amiga que “ligou seu olho artístico”. Juntos, podemos reacender esse olhar no Brasil inteiro.
Fontes
UNESCO. The Power of Art Education. Relatórios e estudos sobre os impactos da educação artística para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/
Harvard Graduate School of Education. Arts Impact Report: Benefits for Learning and Brain Development.
Arts Education Partnership. Learning Through the Arts: Key Research Findings.
Ministério da Educação (MEC), Brasil. Base Nacional Comum Curricular – BNCC, seção de Arte. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br



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