top of page

Formar professores: como reverter a queda nas licenciaturas e valorizar a docência no Brasil

  • Foto do escritor: Thiago Loreto
    Thiago Loreto
  • 15 de out.
  • 5 min de leitura

Introdução


A busca por cursos de licenciatura vem caindo de forma preocupante em regiões do país — um sinal de alerta para quem pensa em melhorar a educação brasileira. Sem novos profissionais motivados a seguir a carreira docente, como garantiremos qualidade e renovação nas salas de aula? Nesta análise juntamos a tua reflexão a dados oficiais e propostas práticas: causas da queda, impacto na carreira e medidas para incentivar estudantes a escolherem a docência.



Porque as licenciaturas tem perdido tanto valor para os jovens?


Como podemos querer melhorar a educação sem mesmo formar novos educadores? A procura por cursos de graduação em licenciatura tem diminuído drasticamente e pouco se fala sobre isso — 74% de queda; como esperar que jovens se tornem professores se não há incentivo aos caminhos da docência? Como seria preparar uma aula para que um jovem se sinta cativado pelo professor(a) e, mais ainda, pela profissão docente?


Desde a minha época de ensino médio e até hoje se ouve muito falar em desvalorização dos professores: muito trabalho e pouca remuneração, fazendo com que os jovens olhem para essa profissão tão nobre como algo complexo e inviável financeiramente. Mas isso é realidade? No estado do Rio Grande do Sul, professores têm um salário mínimo nacional (piso) fixado em R$ 4.580,57 para jornada de 40 horas semanais — o que equivale a dois turnos de 4 horas por dia. Muitos jovens acabam trabalhando em escalas 6×1, com 8 ou 9 horas por dia, em ocupações estressantes e até perigosas, para ter rendimento semelhante — e isso traz problemas de saúde. Então fica o questionamento: será que o professor é mesmo desvalorizado? E, se você já ouviu isso, quem foi que disse?


Peço que você reflita e incentive os seus alunos, amigos e jovens do seu convívio a buscarem mais informações sobre as licenciaturas e sobre os leques que elas abrem. Ser professor é também ser um incentivador da educação no nosso país.



O que mostram os números


  • O caso citado (queda de 74% na procura por licenciaturas em universidades públicas do Paraná) foi noticiado e reflete uma tendência local preocupante. (Fonte: reportagem G1/PR).


  • Em nível nacional, o Censo da Educação Superior e relatórios do MEC/Inep mostram variações no ingresso e nas matrículas por curso; há movimentações que indicam queda em algumas áreas e crescimento em outras (EAD, por exemplo).


  • O piso nacional do magistério para 2024 foi fixado em cerca de R$ 4.580,57 para 40 horas semanais (Portaria do MEC), e seu cumprimento ainda é objeto de debates e pressões locais para que municípios e estados o paguem integralmente.



Por que a procura pelas licenciaturas cai?


  1. Percepção de baixa remuneração e condições de trabalho — a carreira docente é vista por muitos jovens como pouco atraente financeiramente, com jornadas pesadas, sobrecarga de trabalho e instabilidade em alguns municípios. Estudos e debates nacionais apontam salários abaixo da média de outras profissões com o mesmo nível de escolaridade.


  2. Falta de carreiras e progressão claras — em vários lugares a carreira tem poucas possibilidades reais de ascensão ou gratificações estáveis, reduzindo a atratividade.


  3. Imagem social e cultural da profissão — relatos e pesquisas indicam desmotivação entre professores e baixo prestígio percebido pela sociedade, fatores que influenciam a escolha profissional de jovens.


  4. Alternativas de formação e mercado — a expansão de cursos EAD e de cursos técnicos e tecnológicos pode desviar parte dos ingressos que antigamente iam para licenciaturas.



Impactos da queda nas licenciaturas


  • Escassez futura de professores nas disciplinas e regiões que já enfrentam déficit (áreas rurais e disciplinas específicas).


  • Envelhecimento do quadro docente, com menos renovação geracional e risco de perda de capacidade inovadora nas práticas pedagógicas.


  • Aumento de substitutos e professores sem formação específica, o que tende a afetar resultados de aprendizagem.



Caminhos e soluções — o que pode ser feito já


1. Valorizar materialmente e melhorar condições de trabalho


  • Garantir cumprimento do piso e políticas locais de complementação (gratificações, carreira). A pressão sindical e o monitoramento do cumprimento do piso são essenciais.



2. Programas de incentivo à entrada na licenciatura


  • Bolsas e incentivos financeiros direcionados (ex.: iniciativas federais como programas que incentivam a permanência de bons candidatos nas licenciaturas — pesquisar e apoiar programas locais e federais). Exemplo recente: iniciativas do governo federal (Pé-de-Meia Licenciaturas / Mais Professores) que trouxeram estímulos e aumentos nas matrículas.



3. Comunicação e divulgação das possibilidades de carreira docente


  • Campanhas em escolas de ensino médio mostrando trajetórias reais (professores que conciliam ensino e produção artística, consultoria, negócios culturais, cursos online etc.). Mostrar que a licenciatura não fecha possibilidades — amplia.


  • Parcerias entre universidades e escolas para estágios atrativos, mentorias e “dias do jovem professor” com vivências reais.



4. Aprimorar a formação inicial e prático-profissional


  • Currículos de licenciatura que integrem mais prática supervisionada, empreendedorismo educativo, tecnologias e estratégias de sustentabilidade profissional (como gestão de projetos e marketing para professores que desejam vender cursos e produtos).


  • Estágios remunerados e contratos temporários de formação dentro da rede para reduzir a pressão econômica do estudante.



5. Tornar a docência atraente pelo sentido e impacto


  • Mostrar impacto social e oportunidades múltiplas: professor como líder comunitário, pesquisador, produtor cultural, empreendedor social; comunicar histórias de sucesso.


  • Investir em condições de trabalho que preservem a saúde física e mental do docente (cargas justas, suporte pedagógico, coordenação e infraestrutura).



Como preparar uma aula que cative e atraia jovens para a docência?


  • Aprendizado ativo: aulas com projetos, problema real da comunidade, uso de tecnologia (PBL, gamificação).


  • Mentoria e protagonismo juvenil: atividades em que o aluno ensina seus colegas, desenvolvendo capacidade de mediação e empatia — experiência direta com o que é ensinar.


  • Conexão com carreiras reais: convidar profissionais (professores, artistas, engenheiros) para falar sobre trajetórias; atividades que mostrem como a disciplina abre portas no mercado.


  • Avaliação formativa e feedback: tornar o ensino um processo de progresso visível — os jovens veem resultado e sentido no trabalho docente.



Conclusão


A queda expressiva na procura por licenciaturas é um sintoma grave: sem formar novos professores não há como garantir a qualidade e a equidade da educação. Resolver isso exige um pacote de medidas — valorização salarial, incentivos financeiros, requalificação dos cursos, estágios atraentes e campanhas que mudem a narrativa social sobre a docência. Cabe a todos (governos, universidades, escolas e sociedade civil) reconstruir uma imagem positiva da carreira e criar condições concretas para que jovens que desejem ensinar possam fazê-lo com dignidade e perspectivas reais.


Se você é estudante, professor ou gestor: compartilhe este artigo com alguém que possa inspirar novas gerações de docentes.

Comente abaixo o que fez você se tornar um professor, ou o que você espera desta profissão.





Fontes e referências








Comentários


Não perca novos artigos. Assine hoje.

Obrigado pelo envio!

© 2025 por Thiago Loreto.

bottom of page