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Mona Lisa: Por que não a ensinarei em sala de aula?

  • Foto do escritor: Thiago Loreto
    Thiago Loreto
  • 25 de ago.
  • 3 min de leitura

Introdução


Quando falamos em Leonardo da Vinci, inevitavelmente o nome Mona Lisa surge junto. Considerada a pintura mais famosa do mundo, ela se tornou um ícone cultural que ultrapassa os limites da arte. Porém, enquanto educador de artes, não pretendo trabalhar a Mona Lisa em sala de aula da forma convencional. Afinal, sua notoriedade não se deve apenas à técnica ou à estética, mas sim a acontecimentos históricos e curiosos que a cercaram — incluindo furtos e controvérsias.



Uma obra simples para os padrões renascentistas


O Renascimento foi marcado pela busca do realismo absoluto, com retratos detalhados, uso da perspectiva e composições de corpo inteiro. Nesse contexto, a Mona Lisa parece destoar: trata-se de uma pintura intimista, em meio corpo, com cores mais apagadas e uma atmosfera que muitos especialistas consideram inacabada.


Leonardo, conhecido por seu rigor técnico e científico, costumava retratar céus em tons azulados, buscando fidelidade ao natural. No entanto, na Mona Lisa, o fundo apresenta tonalidades esverdeadas, e detalhes da paisagem surgem sem o acabamento refinado característico de Da Vinci. Pesquisadores, como Martin Kemp (2017), apontam que há fortes indícios de que a obra tenha sido deixada incompleta.



Roubo, fama e controvérsia


Curiosamente, a fama da Mona Lisa não nasceu de imediato. Por séculos, foi apenas mais uma pintura no acervo do Museu do Louvre. O episódio que mudou seu destino ocorreu em 1911, quando a obra foi roubada por Vincenzo Peruggia, um ex-funcionário do museu. O crime ganhou repercussão mundial e a imagem da Mona Lisa passou a circular em jornais e revistas, elevando-a ao status de ícone cultural.


Outro fator que mantém a obra em evidência são as discussões sobre sua autenticidade. Pesquisas recentes, como as do Centro de Pesquisa e Restauração dos Museus da França, levantam a hipótese de que a obra possa ter sido retocada ou até mesmo não ter sido totalmente executada por Da Vinci.



Por que não ensino a Mona Lisa da forma tradicional


Diante desses elementos, considero importante repensar o lugar da Mona Lisa no ensino de artes. Mais do que apresentar aos alunos como “a maior obra de todos os tempos”, é preciso contextualizar:


  • Mostrar como a fama de uma obra pode ser construída social e historicamente.

  • Explicar que o valor artístico não está apenas na técnica, mas também nos acontecimentos que cercam a obra.

  • Estimular a análise crítica, fazendo com que os alunos compreendam por que algo é considerado relevante culturalmente, mesmo que não atenda aos padrões artísticos da própria época.



Assim, a Mona Lisa pode e deve ser estudada, mas de forma reflexiva — como um exemplo de como a história, os meios de comunicação e a cultura popular podem transformar uma pintura em mito.



Conclusão


A Mona Lisa, em sua simplicidade e inacabamento, nos ensina que a fama nem sempre é proporcional à qualidade técnica de uma obra. Enquanto educador, acredito que devemos apresentar a obra aos alunos sem mitificá-la, mas sim mostrando a importância de questionar, analisar e compreender os processos históricos que moldam a arte.


👉 E você, já parou para pensar por que a Mona Lisa é tão famosa? Continue acompanhando nossos artigos no blog para mais reflexões sobre história da arte e educação.



📚 Fontes:


  • KEMP, Martin. Leonardo da Vinci: The Marvellous Works of Nature and Man. Oxford University Press, 2017.

  • STRAUSS, Walter L. Leonardo da Vinci and the Idea of Beauty. Yale University Press, 2015.

  • MUSEU DO LOUVRE. Dossier sobre a Mona Lisa. Disponível em: louvre.fr


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