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Educação centrada no aluno: por que a escola não pode tratar todo mundo como “igual”

  • Foto do escritor: Thiago Loreto
    Thiago Loreto
  • 9 de set.
  • 3 min de leitura

Introdução


Tratar toda turma como se fosse um bloco homogêneo é uma das práticas escolares mais ultrapassadas que ainda persistem no Brasil. Quando a educação vê apenas “um objetivo geral para o grupo”, ignora talentos, diferenças de ritmo, estilos de aprendizagem e interesses individuais — e, por consequência, limita o potencial de muitos jovens. Neste artigo eu defendo uma mudança: do ensino padronizado para uma escola que enxerga e forma cada aluno como único.



O problema: a falsa igualdade que penaliza o indivíduo


Programas e currículos que tratam os estudantes como “iguais” costumam priorizar o cumprimento de conteúdos e metas coletivas em detrimento do desenvolvimento individual. Isso gera situações visíveis: o aluno que escreve bem, mas é avaliado apenas por fórmulas matemáticas; o jovem talentoso em arte, design ou comunicação que é empurrado por um padrão que não o reconhece. A consequência é dupla: desmotivação pessoal e perda de oportunidades para a sociedade.


Dados e avaliações internacionais (PISA) e nacionais (SAEB/IDEB) deixam claro que nem todos aprendem ao mesmo ritmo e que o sistema precisa responder a essa diversidade com mais precisão. Por exemplo, uma parcela significativa dos estudantes brasileiros não atinge proficiências básicas em matemática e leitura — um sinal de que o “ensinar todos igual” não resolve as lacunas existentes.



Educação centrada no aluno: o que significa na prática


Educação centrada no aluno (ou personalizada) não é abandonar currículo ou padrões — é ajustar o ensino para que cada estudante avance segundo seus pontos fortes, suas dificuldades e seus interesses. Modelos eficazes combinam:


  • Diagnóstico inicial e contínuo: mapear onde cada aluno está e quais lacunas tem.

  • Diferenciação didática: tarefas e rotas de aprendizagem variadas (grupos, projetos, atividades individuais).

  • Avaliação formativa: feedback frequente para orientar progresso, não apenas notas finais.

  • Conexão com interesses reais: aproximar conteúdos do que o aluno já valoriza (escrever, projetar, criar).


A literatura e agências internacionais destacam que essa abordagem favorece engajamento e resultados quando bem implementada — e não é uma moda: é recomendação de organismos que monitoram políticas educacionais.



Por que o Brasil tem condições de avançar e onde estão os gargalos


A BNCC já aponta para competências gerais que favorecem o desenvolvimento integral do estudante — autonomia, pensamento crítico, comunicação — e, portanto, abre espaço para práticas mais centradas no aluno. Implementar de fato, porém, exige:


  1. Formação docente eficaz e contínua — professores devem saber diagnosticar e diferenciar estratégias em turmas heterogêneas. A formação inicial e continuada precisa priorizar essas habilidades.

  2. Tempo e organização escolar — modelos de trabalho que permitam tutoria, projetos e intervenções focalizadas.

  3. Recursos e dados — sistemas de monitoramento (SAEB/IDEB, avaliações internas) para orientar intervenções.


Os relatórios recentes da OCDE e da UNESCO reforçam: o futuro da escola é abraçar a diversidade dos alunos, construindo percursos que respeitem diferenças e potenciem talentos.



Um exemplo prático roteiro simples de intervenção em sala


Para professores que querem começar já esta semana:


  1. Semana 1 — Diagnóstico rápido: três tarefas curtas (leitura, escrita e cálculo) para mapear níveis.

  2. Semana 2–4 — Microturmas e rotas: organizar grupos por necessidades (recuperação, aprofundamento, projeto criativo).

  3. Semana 5 — Projeto conectado ao interesse: cada aluno escolhe tema (texto, arte, mini-invenção) e desenvolve um produto.

  4. Avaliação contínua: rubricas claras para processo e produto; feedback individual quinzenal.


Essas ações simples aumentam pertencimento e mostram ao aluno que a escola o reconhece como sujeito de aprendizagem — não apenas um número em uma tabela.



Conclusão


A educação que insiste em “um único objetivo para todos” é injusta e ineficaz. Olhar o estudante como indivíduo — reconhecer sua escrita, seu desenho, sua curiosidade — é condição mínima para uma escola que forma cidadãos plenos. A BNCC, estudos da OCDE e recomendações da UNESCO apontam para o mesmo caminho: personalizar sem abandonar padrões, formar professores e usar dados para decisões.


Se concorda que a escola deve enxergar o aluno primeiro como pessoa, curta, comente e compartilhe este artigo. Espalhe a ideia: uma educação que respeita as diferenças transforma vidas.



Referências


  • OECD. PISA 2022 Results — Brazil country note.

  • OECD. Personalising Education (relatório/guia sobre ensino personalizado).

  • UNESCO. Personalized learning: módulos e orientações.

  • BNCC. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação (Brasil).

  • INEP / IDEB & SAEB — resultados e notas técnicas (2023).

  • OECD. Reimagining education — Realising potential (2024).


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© 2025 por Thiago Loreto.

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